Apesar do discurso otimista do governador Jerônimo Rodrigues, que visitou nesta segunda-feira (21/04) o canteiro de obras do VLT de Salvador, o avanço do projeto ainda está longe de justificar comemorações. Segundo dados oficiais divulgados pelo próprio governo, apenas 18% do Trecho 1 — entre a Calçada e a Ilha de São João — foi executado até o momento. Considerando que esse trecho representa 16,7 km dos 36 km totais do projeto, a obra geral está, na prática, com aproximadamente 5% de execução física.

Mesmo assim, Jerônimo declarou que as obras seguem em “ritmo muito bom” e prometeu uma linha de testes com até 4 km de extensão até dezembro deste ano.

“Esse foi o compromisso com a população do Subúrbio de entregar este lote primeiro. Enquanto avançamos rapidamente com as obras, ligando a Calçada a Ilha de São João”, afirmou o governador.

O VLT é dividido em três trechos, conduzidos por consórcios distintos, o que, segundo o governo, permitiria o avanço simultâneo das obras. No entanto, o único trecho com progresso significativo até agora é o primeiro, executado pelo Consórcio Expresso Mobilidade Salvador, que mesmo assim ainda não alcançou 20% de execução após cinco anos desde a assinatura da ordem de serviço, em fevereiro de 2020.

Avanço real: 5% do total
O projeto completo prevê 36 km de extensão, com 34 paradas, interligando o Comércio ao bairro de Piatã, passando por Simões Filho, Águas Claras e Bairro da Paz.

Com 18% de avanço em apenas um dos três trechos, o total efetivamente executado hoje representa cerca de 5% da obra completa, considerando a proporção da quilometragem.

A meta, segundo o diretor de obras da CTB, Eracy Lafuente, é ousada: entregar entre 2 e 4 quilômetros de trilhos até o final do ano, com testes de trens rodando em um sistema experimental. Ele ainda afirmou que já foram construídos 1,6 km de via permanente, número considerado inédito para esse tipo de obra em menos de nove meses no Brasil.

Custo e impacto
Com investimento estimado em R$ 5 bilhões, o VLT de Salvador promete transportar cerca de 100 mil passageiros por dia, desafogando o trânsito e integrando regiões historicamente negligenciadas em infraestrutura de transporte. O governo também prevê a geração de até 2 mil empregos diretos e indiretos durante o pico das obras.

Promessa sem data final
Anunciado ainda em 2017, o VLT chegou a ter a entrega total prometida para 2022. Agora, sem um novo cronograma oficial divulgado, o governo aposta em mostrar trechos pequenos como vitrine de avanço, enquanto a maior parte do sistema ainda está em estágio embrionário.

Para a população do Subúrbio Ferroviário, que segue sem o antigo trem e depende exclusivamente de ônibus lotados, a realidade é bem diferente do vídeo institucional publicado nesta segunda-feira.

Se mantido o ritmo atual, a promessa de transformação no transporte pode seguir se arrastando por mais uma década.