A recente decisão do prefeito Anísio Madeirol (União Brasil) de instituir, por meio de decreto, a cobrança de até R$ 500,00 para turistas acessarem a praia do Sítio do Conde, causa espanto e apreensão entre moradores, empresários e trabalhadores do setor turístico do município. A medida, além de surpreendente em seu teor, revela uma preocupante desconexão entre a gestão pública e a realidade socioeconômica local.
O turismo é, historicamente, a principal engrenagem que movimenta a economia do Conde. Estima-se que aproximadamente 80% da renda gerada na cidade tenha relação direta ou indireta com a atividade turística. Restaurantes, bares, barqueiros, mercados, pousadas e ambulantes dependem da presença constante de visitantes, sobretudo durante os finais de semana, feriados e alta temporada. O novo decreto, ao impor uma cobrança desproporcional, ameaça desestimular o fluxo turístico e, por consequência, mergulhar a cidade em uma grave crise econômica.
Não se trata apenas de um valor elevado — R$ 500,00 é uma quantia que extrapola qualquer lógica de fomento ao turismo sustentável —, mas de uma decisão tomada sem diálogo com os setores impactados, sem estudos técnicos de impacto financeiro e sem qualquer plano de contrapartida que justifique a cobrança. É como se o acesso à natureza, patrimônio coletivo, passasse a ser um privilégio de poucos.
Especialistas alertam para o risco de esvaziamento do destino turístico, com perdas que podem atingir 80% do faturamento do setor nos meses seguintes à implementação da medida. Uma tragédia anunciada para centenas de famílias que vivem do turismo local e que hoje se veem ameaçadas por uma canetada infeliz.
O Conde precisa de políticas que atraiam visitantes, qualifiquem a oferta de serviços, valorizem a cultura local e promovam o desenvolvimento sustentável. O que se vê, infelizmente, é um movimento na contramão, com a adoção de uma medida punitiva, excludente e economicamente desastrosa.
A população do Conde, especialmente os que vivem do turismo, merece respeito, diálogo e sensatez. Que o prefeito Anísio Madeirol reveja com urgência este decreto e opte por caminhos que fortaleçam — e não destruam — a principal fonte de renda da cidade. O futuro do Sítio do Conde não pode ser hipotecado por decisões unilaterais e desastrosas.