Por Maria Ribeiro - DRT 5952/BA: Alagoinhas, cidade conhecida por possuir a segunda melhor água do planeta, carrega uma contradição que salta aos olhos: o descaso com o descarte correto do lixo.
Em praticamente todos os bairros, é possível identificar a presença de lixões clandestinos que crescem à sombra da omissão do poder público e da falta de informação acessível à população.
O problema não se resume somente ao lixo doméstico comum. Há uma ausência gritante de orientações sobre como e onde descartar resíduos de grande porte, como sofás, camas e máquinas de lavar.
A falta de pontos de coleta identificados e a inexistência de campanhas educativas por parte da Prefeitura criam um ambiente propício para o descarte irregular. O resultado é a multiplicação de pontos de lixo a céu aberto, que além de comprometerem a estética urbana, colocam em risco o meio ambiente e a saúde pública.
Mais grave ainda é o papel negligenciado da fiscalização. Empresas responsáveis pela coleta de entulho atuam sem qualquer controle efetivo, despejando restos de construção e resíduos em áreas como o bairro de Santa Terezinha, às margens da BR-101 e na região do Cruzeiro dos Montes. A ausência de monitoramento e de um plano estruturado de manejo de resíduos sólidos abre caminho para um colapso ambiental anunciado.
A população, por sua vez, desconhece a existência de centrais de coleta e de políticas públicas voltadas para a gestão de resíduos. Este desconhecimento é consequência direta da omissão da gestão municipal, que falha em promover campanhas educativas e ações de conscientização. A comunicação pública é falha, silenciosa e ineficaz — quando deveria ser uma aliada no combate à degradação ambiental.
Alagoinhas precisa urgentemente olhar com seriedade para o problema do lixo. O avanço dos lixões clandestinos não pode mais ser tratado como algo corriqueiro ou invisível. É preciso planejamento, fiscalização e, acima de tudo, compromisso com a cidade e com o futuro ambiental das próximas gerações.
O silêncio do poder público não pode continuar sendo cúmplice da sujeira que cresce impune a cada esquina.
A redação do portal Se Liga Alagoinhas entrou em contato com a Secretaria de Comunicação da Prefeitura (SECOM) em busca de respostas sobre a existência de centrais de gerenciamento de resíduos, pontos oficiais de descarte e ações de fiscalização. Até o fechamento deste editorial, não obtivemos qualquer retorno.