As enchentes devastadoras que assolam o Rio Grande do Sul há quase duas semanas agora começam a ecoar além das fronteiras do estado, desencadeando uma série de consequências preocupantes em todo o Brasil. A mais recente é a restrição na venda de arroz em supermercados da Bahia, um reflexo direto da produção nacional, predominantemente localizada em terras gaúchas.
De acordo com levantamentos realizados pela equipe do portal Se Liga Alagoinhas, estabelecimentos atacadistas e varejistas em Alagoinhas, como Atacadão e Atakarejo, estão adotando medidas para conter a escassez iminente. O Atacadão, por exemplo, limitou a compra de arroz a três fardos por pessoa, enquanto no Atakarejo, a orientação é a venda de até 30 pacotes por cliente.
Fontes do Atacadão em Alagoinhas, que preferiram manter o anonimato, revelaram ao Se Liga Alagoinhas que os fornecedores gaúchos já sinalizaram a iminência de uma crise na produção de arroz, o que poderia resultar em escassez nos próximos meses.
Apesar dos esforços para obter uma resposta da Associação Baiana de Supermercados (ABASE), até o momento da publicação desta matéria, os representantes da entidade não foram alcançados para comentar sobre a situação.
As preocupações sobre a especulação de preços foram ecoadas pelo ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, que condenou veementemente a exploração econômica das tragédias naturais. Em declarações à imprensa na última terça-feira (7/5), Fávaro expressou sua indignação, afirmando que "o inferno está ficando pequeno" para aqueles que buscam lucrar com momentos de crise como este.
Para conter os aumentos abusivos de preços e garantir o abastecimento, o governo federal está se movimentando. O ministro anunciou a articulação de uma Medida Provisória para que a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) adquira 1 milhão de toneladas de arroz. Essa medida visa não apenas evitar a escassez, mas também desestimular práticas especulativas que têm impactado negativamente o mercado.
Enquanto isso, o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Rio Grande do Sul (Farsul), Gedeão Pereira, assegurou que a produção atual de arroz no estado é suficiente para atender à demanda nacional por pelo menos 10 meses. Pereira tranquilizou a população, destacando que mesmo em face das adversidades, o abastecimento está garantido.
Entretanto, as tragédias persistem no Rio Grande do Sul, com números alarmantes divulgados pela Defesa Civil. Até o momento, cerca de 70 mil pessoas encontram-se temporariamente alojadas em abrigos devido às fortes chuvas, enquanto o número de mortes relacionadas aos eventos naturais extremos já ultrapassou a marca de 113. O relatório da Defesa Civil destaca ainda que mais de um terço da população do estado está desalojada, e mais de 87% dos municípios gaúchos foram afetados pelas inundações.
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